quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

vagando,perdido,caindo
na sujeira,o homem esta de maos vazias
e o olhar morto,louco,perdido,caido
vagando na escuridao,delirando claridade
vazio,o copo esta vazio,o corpo esta vazio
perdido na propria mente
pensativo.perdido em outras mentes
em outros mundos,incapaz de se comunicar
e ele nao esta ebrio,esta so perdido
perdido em meio as informacoes dos meios de comunicacao
o homem chegou a esse lugar,ele estava perdido,
e nao sabe onde esta,nao conhece seu legado,
ele nao estava bebado,ele so estava perdido.
ele chegou aqui com uma tremenda vontade de falar,mas falar sobre o que?
ele nao sabe o que interessa a essa gente,
nao sabe se suas palavras vao interessar a essa gente.
por que ele nao sabe quem e essa gente[estao todos indiferentes].
por que ate agora ele esteve sozinho,
sao muito vagas e estao muito distantes as lembrancas de outras pessoas.
ate agora ele esteve so.
entao mais do que nunca ele esta perdido,perdido e sozinho.
sozinho no meio da multidao.
entao ele resolve cantar,e canta/articula sons com qualquer melodia que lhe seja familiar,
e todos continuam indiferentes.
ele nao tem familia,nao tem nome,nao tem rosto,nao tem lembrancas[so lembrancas do tempo em que viveu sozinho].
e as lagrimas lhe escorrem quentes pela face,e ele chora e nao sabe por que.
entao ele pensa em se embriagar,como se isso pudesse acalmar sua aflicao.
mas ele esta ali,no meio do povo,mas ele sempre esteve ali.
acontece que so agora ele abriu os olhos.

o homem chegou assim ao seculo vinte e um,perdido e sozinho.

a sociedade chegou assim aos dias atuais,sem se conhecer,so vislumbrando uma sombra do que ela realmente e.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

deixar,desistir
deixar desistir
deixar de existir
abandonar a existencia
deixar de interagir com a realidade por sentir-se agredido
mas ir pra onde?
nossa cultura e promiscua e mentirosa
a arte e baixa
a "realidade" e falsa
acreditamos que vivemos uma realidade que na verdade nao existe,e criacao nossa
criamos uma existencia surreal com valores abstratos
nao estamos em contato com nosso corpo organico,com nossos sentidos/extintos,nossas funcoes corporais
e criamos um sentimento surreal/abstrato:a perversao
e criamos a luxuria que e relativa a tudo:moral,alimentacao,comodismo,etc...
e avida?
o capitalismo transformou a vida em um comercio
tudo sao bens
a vida e uma eterna propaganda,ela e um comercio,um produto
um intervalo de televisao
que nos da a vontade/ilusao de trocar de canal ou desligar a tv
na modernidade,onde encontrar a vida?
a essencia da vida

terça-feira, 12 de outubro de 2010

o ser humano,o ser atual,moderno,ele nao vive o dia de hoje,nem o hoje,nem o amanha,nem o ontem,ele nao vive.
nao vive o hoje por que vive na expectativa do futuro.
mas viver a expectativa nao e viver o dia em si,entao ele nao vive nem o hoje nem o futuro.ele imagina que viver sem a expectativa nao e viver quando na verdade o nao viver e viver a expectativa.
tomemos por exemplo um homem que teve seu apice criativo/produtivo[vinte e poucos a trinta anos ou pouco mais]na decada de oitenta,cheio de expectativas quanto a oportunidades para o futuro.
ele vivia suas expectativas em uma epoca ultra-romantica[romantica no sentido lirico ou seja que fala de amor,tanto quanto no sentido de romantismo mesmo que diz respeito a sonhos,fantasias,ideais e esperancas,um olhar doce,quase ebrio]com varios destaques musicais[embora menos que nos anos setenta]com destaques cinematograficos,uma epoca quase encantada,cheia de referencias que se tornaram eternas.entao na decada seguinte ele percebe que sao feitas varias referencias aquela epoca na qual ele tambem viveu,mas se assusta ao nao reconhecer essas referencias[uma musica de 84 ou um filme de 88] e se questiona como nao viveu essa magia que agora e tao aclamada,ou seja para ele foi um tempo perdido.simples, e que ele nao estava aberto a receber as impressoes do seu tempo.desta mesma forma ele se perde em questionamentos e mais expectativas[as expectativas nunca acabam]em viver bem o futuro,que acaba nao vivendo tambem a epoca em que se encontra.e assim sucessivamente decada dois mil e etc...
sempre a expectativa de um futuro promissor[que nao vai se realizar],seja a nivel de posicao social ou a propria intensidade do momento[ha tambem os que acabam se perdendo em busca de viver a vida com toda intensidade].
desta forma eles nao podem mais viver o passado,em suas angustias,aflicoes e expectativas,nao vivem tambem o presente e vao acabar nao vivendo tambem o futuro.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

na vida o obsesso observa
e nao vive
sua obsessao o absorve tanto que nao lhe sobra mais de si para viver
refugiado da realidade em sua ansia pelo objeto de desejo
mas o que o alimenta e a sua obsessao e nao o objeto
seu prazer e desejar ardentemente o objeto, e nao alcancar
condenado a desejar eternamente,por que so assim ele aprendeu a viver
na vida o obsesso observa e nao vive
se arrasta se consumindo,como uma cobra que fosse devorando a propria cauda
sem um objeto que atraia a sua obsessao,ele morre
amedrontado,aterrorizado,intimidado pela vida de verdade,pelo mundo que acontece
egoista demais para perceber o mundo que o cerca,ocupado demais para se apaixonar,
para viver por alguem,mesmo que seja o seu objeto de desejo
ele so e capaz de viver para si mesmo,
para si mesmo e para sua obsessao
uma bela epoca
epoca de sonhos
um resquicio de infancia
lugares que existiram nos meus sonhos
nao sonhos que se sonha dormindo
mas acordado
realidade impossivel
como posso dormir com o espirito assim excitado pela imaginacao?
como poderei fechar os olhos?
lugares ultra-romanticos
a alma vaga[se perde]sozinha nesses lugares no alvorecer
doce como musica
um refugio da realidade,uma embriagues,um delirio
um salto na tempestade
um sonho impossivel de personificar
que tambem pode morrer,acabar
pra dar lugar a novos sonhos
com toda a expectativa do novo
eu nao quero mais acordar
como e dificil abrir mao do lugar confortavel,doce!
a vontade e perder-se nele
como fosse ja um vislumbre dos ultimos dias
da morte
na realidade o que parece o paraiso tambem inclui dor
quaze e so dor
o paraiso de um e o inferno de outro

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

uma crianca esta pulando
e ela pula cada vez mais alto
animada pelos raios de sol
entao chega um homem zangado
e zanga com ela
ela se entristeca e chora
e se debate,bate os pes no chao
e sua furia produz uma musica encantada
que faz cantar os passaros
e as arvores dancarem ao vento
e a crianca grita com o homem zangado
que ja se foi
entao ela volta a dar risada
e a pular e brincar de novo
por que ela e assim
debochada
mais sempre confia ao vento
u ma ponta de tristeza

terça-feira, 21 de setembro de 2010

calice

e noite
na toalha branca,
em cima da mesa,
ha leite,iguarias,cestos com uvas e macas,pao,
queijo e delicioso vinho
vasos com flores e plantas diversas decoram todo o ambiente
algum sorriso peralta de crianca brinca por aqui e por ali
meu calice quase transborda
mas ainda falta uma gota
a unica gota de que eu preciso
que pode fazer meu calice,mesmo vazio,transbordar
nada se compara
ela me ajuda a gostar de mim como eu sou
sem ela,tudo e triste,preto e branco
triste como o ultimo trago
nao vai me livrar da vontade de chorar
todas as coisas sao feitas de tedio
e a noite vai ser como uma longa estrada
adiante inevitavelmente esta o fim
preciso de seu toque novamente
pra transbordar meu calice
te dar tanta paixao que o rubor vai transparecer vivo e faceiro em sua face
vamos nos embriagar,
delirar...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

quando perguntado se eu teria filhos
respondi que nao,mas e se tivesse?o que ensinaria a ele ou eles?respondi:uma coisa que eu ensinaria a um filho,o ensinaria a nao aplaudir,a nunca aplaudir ninguem,a nao valorizar/elevar ninguem,nao temer,nao respeitar a nao ser que seja a si mesmo.
gostaria de ensina-lo a encontrar os valores dentro dele mesmo e nao personificalos em outro.
gostaria que todos se preocupassem mais em criticar e avaliar do que aplaudir.
por que em todos os lugares,muitos vao para aplaudir,mesmo se nao gostam do que veem.
ninguem se preocupa em apreciar,observar e avaliar,e se preciso criticar.
as pessoas querem aplaudir,querem se enganar e fingir que gostam do que veem o tempo todo.
como se o sentido da vida,como se a felicidade estivesse em aplaudir,em se alienar.
em endeuzar o outro para ser feliz.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

o beija-flor

uma vez um tronco de arvore ja muito velho,espinhento e feio se surpreendeu florescendo,apos longos anos se revestindo apenas com espinhos.
mas apos muitos anos,uma corajosa florzinha se formou e se mostrou numa singela tentativa descompromissada de conseguir um pouco de alegria por quanto tempo durasse.
um tambem singelo,mas ainda sim bonito beija-flor,ao se aproximar encontrou perfume naquela florzinha,e a encorajou,e a fortaleceu e alimentou com toda essencia de seu coracao por que queria vela crescer e se tornar bonita e exalar um perfume muito doce para que ele pudesse se embriagar.e a flor correspondendo as suas expectativas cresceu,cresceu muito e se tornou maravilhosa,e com com um perfume tao simples,mas que por ser tao exotico se tornou muito especial.
e a flor nao apenas cresceu,mas tambem se multiplicou,bastante e logo todo aquele tronco seco,seboso espinhento estava mudado ,estava todo florido,belo,parecia uma estatua dos deuses do olimpo.e o beija-flor se satisfazia todos os dias ao se aproximar da sua flor.mas a necessidade se tornava cada vez maior e tanto o beija-flor quanto a flor sentiam cada vez mais a vontade de permanecerem juntos,ja quase nao se largavam,so em situacoes extremas.
ate que um dia o beija-flor embriagou-se tanto naquela fonte de amor e perfume que ficou preso nos espinhos e depois de algum tempo morreu,logo em seguida a flor tambem morreu seguindo o seu bem amado e bem feitor.
os dois nao existem mais ,mas aquele velho tronco feio por quanto tempo continuasse saudavel,ostentaria para sempre todas aquelas belas flores,todo aquele suave perfume exotico.
a noite inicia seu sorriso
em seus labios
meu abrigo

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

eu nao cultuo mais a noite
meus idolos morreram com a ultima madrugada
eu nao cultuo mais a morte
minha vida renasceu com a ultima alvorada
minha casa agora e o dia
a noite meus olhos cansados eu fecho
e espero ansioso a luz do sol
eu nao amo mais a dor
estou tentando encontrar o caminho dentro do labirinto da minha mente
a chuva no ceu
as lagrimas no teu rosto
ambas caem quentes
ambas queimam meu coracao
e nesse dia chuvoso
tua voz chorosa eu ouco
e imploro teu perdao
ajoelhado beijo teus pes,depois enxugo tuas lagrimas
com um beijo silencio qualquer palavra
a chuva ainda persiste
pego na tua mao molhada
vamos correr para nos proteger do vento,
do granizo,vamos correr minha amada
essa noite o sol nao vai se por
as montanhas no horizonte continuaram na claridade
os predios,as casas,todas as edificacoes,as familias,as pessoas
vao ter tempo pra derramar mais uma lagrima,por causa dos seus campos que foram devastados pela imensidao da morte
e a tempestade com seus raios e trovoes ameacadores se aproxima

uma ponta de desespero entre luzes e cores

virgem acorda na peste
enlacado como um animal em barbaridades
o saber do consciente adormecido,tentando acordar
conflitos na europa,oriente e ocidente,america do sul
continua servindo,caido,derrubado
louvar pra se garantir,xingar e morrer
fugir,pular ate a luz
tentar alcancar e morrer so
perdido na fresta entre o espaco e a razao
no fundo do chao,abaixo das letras
sob o luxo da europa e dos estados unidos
na doce fantazia da propaganda

vomitando palavras

cintilantes gotas de sangue escorrem como chuva de um espirito drenado.na dor ,do constante retrocesso.acoitado no pescoco,osseo em sua dor,eterno no arrependimento.estrondoso na explosao de cores.vivas como sente a carne,como cerne avida,como imita a um cao,como vomita.vomita a propria carne.cospe o proprio punho,joga o proprio fel.traga aquilo de que ele e[ou nao e?]faminto.por que?aqui gritam as aves,.aqui gritam os liquidos.torcem as maos .retorcem a sua virilidade,na masculinidade,que esse ser talvaz desconheca mais finge que entende.
como algo que entender-se a si proprio,que engolir o mundo
que cuspir o prato que bebeu.
que sangrar a doenca que lesou.
que abrir mao do seu sangue,
de sua alma,
de sua vida,
mais nao,nunca,de suas palavras.
pois o ser nao dis as palavras
mais as palavras,essas sim,ditam o ser

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

vomitando injurias

eu me vi no abismo,sozinho

e eu caia fazia ja muito tempo

o meu proprio ser eu vomitaria pela garganta

e pensar que estive as portas da loucura

e pensar que comprei a passagem com destino ao nada e ao desesespero
e cheguei onde nao queria chegar
chequei a um reino onde nao ha nenhum soberano
conheci outra pessoa que nao era eu
me desesperei diante da morte incerta
permiti ao acaso dirigir meus passos rumo a lugar nenhum ou a destruicao
chorei sem verter lagrimas,vomitando minha vida em injurias.
no espelho,uma ilha suspensa
como nuvem.dentro da caixa
atraves da porta,um caminho,
num olhar
estradas que conduzem apenas para dentro da caixa,como fogo subindo rumo ao ceu
os olhos em brasa,fixados no quadro absurdo
eu morro dilacerado e renasco todos os dias e todas as noites,nesse paiz,na chuva no horizonte
pedestal extremo.morbido na alvorada de uma vida
provocado e ferido pelo consciente coletivo

muda

muda,ela muda
ela muda a maquiagem
muda a roupa
ela muda o tempo todo
na danca tambem muda
ela muda nada,muda em tudo
e mesmo que se fale,ainda muda
muda,por que mudar-se e bom
por que gritar doi
muda por que enxergar machuca,entristece
entao muda,ela muda a maquiagem
e se muda
mas ainda muda
sempre muda

domingo, 15 de agosto de 2010

o maldito

eu sou a tristeza profunda
o eterno inverno
a chuva que soa no telhado e te encerra em casa,sozinho
o paradoxo do poder
o verme que se arrasta a peste a imundice
o cancer da humanidade
vago pela claridade e calor de dias intensos de verao
me encerro em minha cova,onde me alimento de meu proprio cerebro,e me fortaleco
eu sou a loucura,a embriagues,a discordia nas discussoes mortais
eu sou a dor que persegue e castiga
os culpados,os pecadores,os condenados
eu sou o juiz na torre do julgamento,do juizo final
as maos do carrasco
me sintetizo no odio destruidor para levar aos povos a mensagem da intolerancia
na qual eu fui gerado
eu sou o inquisidor
eu sou a tristeza,o inverno,a dor,o odio,o antecessor da morte
todos me conhecem por maldito

a estatua sobre a montanha

a estatua sobre a montanha
esta la,tao alheia a tudo quanto um bloco de marmore pode ser
seu rosto frio nao expressa nada
pode chover,fazer calor,trovejar
que ela continua ali indiferente
a milhares de metros de altura
ela continua ali,um misterio para os visitantes
sem se importar com as dores e paixoes deste mundo
indiferente,faca chuva ou faca sol,se derrubam as florestas,se acontecem incestos,se infanticidios sao cometidos
ela sempre vai permanecer ali
nao chora,nem sorri
com os bracos cruzados em seu egoismo
mais o que ela pode fazer?
ela e so uma estatua
uma estatua sobre o alto da montanha
acima dos seres vivos,das arvores,dosmamiferos,dosa homens,de algumas aves
de onde eloa esta,pode se observar toda a extensao do valeas vilas,o mar,a vida acontecendo,a fumaca das queimadas
a se ela falasse!
mas ela nao chora,
e tambem nao sorri
como uma estatua
ela continua ali parada